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O SER POLÍTICO

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Refletir sobre política é muito importante, vamos aproveitar o momento e ler as considerações de Henrique Beirangê, do Blog da Comunicação.

Todo ser humano é essencialmente político. Para os gregos, ser político, como ensinou Platão, deveria ser um propósito no qual todos deveriam se dedicar. Então o que é afinal de contas ser político? O grande filósofo grego construiu uma figura de linguagem bastante simples que nos ajuda a entender essa idéia. O Mito da Caverna. Segundo Platão, havia uma caverna, onde muitos homens se encontravam acorrentados uns aos outros e todos se situavam de costas à abertura da mesma. À frente deles se projetavam sombras resultantes da realidade exterior à caverna. Todos assistiam àquelas imagens como se fossem os objetos reais da existência.

Viviam absortos em uma ilusão. Um certo dia, um dos acorrentados, resolve se soltar. Ao caminhar pela caverna percebe que uma luz, muito forte, vinha de fora. Resolve então se arriscar e testemunhar a realidade exterior. Ao chegar lá fora se espanta com a intensidade da Verdade da Vida. Seu primeiro gesto é retornar correndo e contar aos demais o que havia descoberto. A frustração foi enorme. Todos lhe chamavam de louco, alienado, entre tantos outros insultos; pois a única realidade existente eram as sombras projetadas no fundo daquela fria e úmida caverna, diziam eles.

É assim a tarefa do homem que se propõe a ser político. A primeira empreitada a que se deve dedicar é a busca sincera e confiante da Verdade. Essa começa quando ele decide transformar-se e implementar revoluções morais profundas e francas dentro de si,baseadas no auto conhecimento. “Conhece te a ti mesmo” já dizia Sócrates.A maior parte de nossos sofrimentos são resultados de nossas próprias imperfeições. Para ajudar o outro, é imperioso conhecer o ser humano. Somos o objeto de nossa maior busca. Quando nos conhecemos, aprendemos a compreender o outro, afinal, “Nada que é humano me é estranho” ensinava Terêncio (180 a.C).

Feito isto, que de nada fácil tem, generosamente, dividir essas conquistas com aqueles que ainda se encontram afundados nas ilusões e contradições pueris da existência material. Por que estou dizendo isso? Já conquistei o Nirvana? Claro que não, porém quantos mais de nós se dedicarmos a isso, menos árduo será o trabalho de nosso dia a dia. Quando se passa quatro anos dentro de uma faculdade de Comunicação, aprende-se logo no início do curso que a isenção e imparcialidade absoluta inexiste no exercício da profissão. Princípio segundo o qual todo jornalista deveria ter consigo. Então onde mora o paradoxo? Mora no simples fato de qualquer manifestação de idéia seja escrita ou falada já se encontrar impregnada dos personalismos característicos do emissor da mensagem. Isso não quer dizer que devemos então nos esquecer desse intento. Necessitamos tê-lo como fonte de inspiração e ideal, porém, na medida em que passamos a considerar,de forma honesta e sincera, nossa limitações no exercício da neutralidade absoluta, praticamos com maior franqueza a honestidade intelectual, e ficamos conscientes da responsabilidade enorme que os profissionais dessa área possuem.

Portanto,sejamos políticos, afinal, os senhores da Caverna estão por aí, dificultando que desacorrentemos alguns irmãos a mais. Qualquer semelhança com “Matrix” não é mera coincidência.

* Henrique Beirangê é jornalista e colunista especial de política e economia do Blog da Comunicação.
blog@blogdacomunicacao.com.br