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Como você lê a educação hoje?

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Muito se tem falado sobre a qualidade da educação, as necessidades de melhorias e o papel dos educadores. O período em que estamos permite que a educação esteja em pauta de várias formas e por diversos olhares. Eleições, muitos discursos abordam a educação, atribuindo-lhe sobrenomes, como “de qualidade”, “para todos” e outros. Parece que o próprio nome já não tem um enorme significado. Divulgação de resultados de avaliações oficiais, mais um item que coloca em pauta a educação, fala-se em Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, o Ideb, discute-se sobre as médias baixas, criticando-as, as notas elevadas são questionadas, relativizadas.

E, além de tudo isso, ainda tem as conversas sobre a desigualdade da educação em todo o país. Não podemos esquecer a validade, necessidade e qualidade do ENEM que também andam sendo colocadas em pauta.
Lembre-se, ainda, que tramita um projeto de lei para “incentivar” os professores com o pagamento de um 14º salário, obviamente condicionado à melhoria dos “alunos” – leia-se: escola – nas avaliações oficiais. Mais uma pauta que tem dividido as opiniões de vários setores da educação.

Vamos fazer um exercício de raciocínio simples, retirar todos os estigmas e enfeites presentes na educação. No fim de tudo, resta a educação em si. Onde o grande sucesso é a aprendizagem, o grande mérito é a formação do ser humano. O educador Ruben Alves, no texto “Escola – Fragmento do Futuro”, transpõe o entender de escola como entre - muros e fala da educação que sonha para seus filhos, e conclui dizendo “... e que a escola seja esse espaço onde se servem às nossas crianças os aperitivos do futuro, em direção ao qual os nossos corpos se inclinam e os nossos sonhos voam...”.

Ao observar que o sucesso da educação em si mesma é a formação de seres humanos, os homens e mulheres que sonhamos para o mundo sustentável, não parece, no mínimo, questionável empreender tanto tempo e energia com estas discussões? Não que não seja reconhecida a validade de todos estes esforços. Mas parece mais importante fazer com que a educação seja o que deve ser, e então fazer os acréscimos importantes. Qual sua leitura desta realidade?

Ética, vida boa e o uso da tecnologia nas escolas

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Por Everton Renaud - Publicado no Blog Giro Sustentável da Gazeta do Povo em 16/07/2010

Ética foi definida com maestria pelo filósofo Paul Ricoeur, em 1995, como “vida boa, com e para os outros, em instituições justas”. Ricoeur, um dos principais pensadores franceses do pós-Guerra, faleceu em 2005. Mas sua definição de ética esteve em pauta no 5º seminário nacional – o professor a leitura de jornal, com o foco em Educação, Mídia e Formação Docente, que está acontecendo na Unicamp desde o último dia 14 e que se encerra hoje.

Logo no primeiro dia do evento, o filósofo e educador Mário Sergio Cortella conduziu uma importante reflexão sobre ética e multimídia. Ele utilizou a definição de Paul Ricouer para dizer que a ética por si só não resolve as pendências sociais: vida boa “para todos e todas” pressupõe não haver exclusão na efetivação deste modelo de vida.

Não é o que necessariamente acontece numa escola, com o cada vez mais comum uso de tecnologias. Esse é o horizonte ético que guia a ação humana e, por isso, os processos educativos escolares não devem se adaptar às inovações, mas integrar novas formas ao seu cotidiano. Adaptar é postura passiva, enquanto integrar pressupõe metas de convergência.

Para Cortella, as tecnologias mais recentes podem fazer parte do trabalho pedagógico escolar, desde que utilizadas como ferramentas a serviço de objetivos educacionais que estejam antes claros para a comunidade e que a ela sirvam.

“Tecnologia em si não é sinal de mentalidade moderna; o que moderniza é a atitude e a concepção pedagógica e social que se usa e, assim, uma mentalidade moderna de fato lança mão da tecnologia por incorporar-se aos seus projetos, e não por ser tecnologia”, afirma ele.

Vida boa para todas e todos é vida bem feita, bem vivida. O uso ético da multimídia é um caminho para a efetivação disso. Se o fazer da mídia e da tecnologia atrelado à educação estiver bem feito, as possibilidades de construção da vida boa aumentarão – de forma ética, tal como no conceito de Ricoeur.