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Os saltos da sandália



Em uma bela manhã de aula, se é que se pode chamar de bela manhã com aula, mas essa eu até arrisco, pois realmente era incomum e por isso bela. Parecíamos poetas buscando inspiração.
Aula incomum! Muita coisa aconteceu, alunos com jeito próprio de vestir, digo, jeito que só os seminaristas têm para assistir aulas, e para completar a paisagem, estava a professora com seu jeito único e quase discreto. Que aula interessante.
Não sabia se dedicava atenção à sabedoria da professora, às conclusões de meus colegas, à ópera das maritacas ou as folhinhas que pouco-a-pouco caíam das árvores e esverdeavam meus cabelos. Porém, em meio a tudo isto algo me deixava deslumbrado: era o belíssimo balé dos finos saltos da sandália aos pés da quase discreta professora.
Era um balé inconfundível, giravam para um lado e para o outro, se escondiam na terra, mas com um impulso mágico saíam da terra novamente repetindo o belo movimento; desta vez, demonstravam delicadamente sua força, sustentando sobre si todo o peso dos pés e das finas pernas encobertas, da maestrina da música que embalava os simétricos movimentos dos saltos.
Tão resistentes eram, que por cinqüenta minutos me fizeram uma belíssima e incansável apresentação através da qual minha alma banhou-se de inspiração.
Aula incomum, olhos destreinados!
Olhos atentos, coração inspirado.

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