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O Pulo: mais uma história sobre o "joãozinho"

Em um fim de tarde, seis garotos retornavam de uma saborosa visita ao pomar da fazenda. Iam por uma estrada de chão batido, na alegria juvenil, aproveitavam o caminho para realizar suas travessuras. Nesses grupos sempre há um José metido a Tarzan, um Bruno dando de ligeiro, um Márcio que é bom na rasteira, um Gabriel metido a intelectual e um César mais palhaço do que o próprio palhaço. E um João, coitado, que corre pouco, come muito e sofre nas travessuras dos colegas.

João é a graça das travessuras. Ele corre para um pasto e atrás dele vão os colegas. Bruno com sua rapidez o alcança quando já está no meio do pasto e Márcio o derruba. Coitado do João, não se sabe mais onde termina o seu corpo e onde começam os nojentos presentes que as vacas costumam deixar no pasto. César arremata com uma piada, e Gabriel buscando por palavras cultas diz: “como diria o francês ‘ces’t la vie’”, ou seja, ‘é a vida’. E todos dão muitas gargalhadas.

Passado este terrível fato, João não agüenta mais, tudo que ele mais quer é ir para casa. No caminho de volta era necessária a travessia por uma cerca, como é comum encontrar nesses lugarejos de fazenda. Gabriel e César, já cansados, passam por baixo da cerca e aguardam os colegas. José aproveita um barranco próximo da cerca e resolve atravessá-la no pulo. Para não ficarem para trás Bruno e Marcio fazem o mesmo. João nesse meio de tempo já havia passado por baixo como os outros dois, mas, raivoso como estava, gritou: “pular assim até eu pulo, seus aparecidos”. Parece que nessa hora ele se esqueceu da forma que possuía por ser um pouco comilão.

Ninguém acreditou no ocorrido. João voltou para o outro o lado da cerca, estava com medo, os colegas desacreditados deram as costas. O ligeiro ainda avisou: “não é preciso provar nada”. De repente alguém grita avisando: “ele vai pular”, mas quando chega à ponta do barranco recua. Toma nova distância. Gabriel, percebendo seu estado psicológico e relacionando o peso de João com a altura da cerca, prevê que o pulo não obterá seu sucesso e avisa: “teremos que socorrê-lo”.

A única coisa que ouvem é um grito, o coitado pulou. Gritava e pedia socorro sem ninguém saber o motivo. Gabriel se aproximou primeiro, viu o grave acontecido. Nessa hora os outros correram, César foi providenciar ajuda, logo muita gente estava em volta. Era fato, fratura exposta.

Quando chegou o médico confirmou o que já era incontestável. Foi necessário um tempo no hospital, outro na cadeira de rodas e outro ainda nas muletas. E não foi suficiente, outra intervenção foi necessária para a colocação de charmosos e necessários pinos. Que sufoco.

Aquela tarde ficou registrada na mente dos outros garotos como no corpo de João. A esperança que fica é que eles tenham aprendido que não se pode estimular ninguém a exceder suas capacidades e nem fazer dele motivo eterno de chacota. Enquanto espera-se também que João tenha aprendido que não vale a pena se deixar levar pela raiva e por fatores externos que desestabilizam nosso equilíbrio interno.


* Os nomes são fictícios, mas a história é real. Aconteceu na minha época de seminário.

Comments (1)

Obrigado ao Evandro.. que deu um UP no texto por e-mail...

Considerou "A Melhor!"

Valeu!

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